Santa, pecadora... Olhar pra dentro é ver-se de verdade: enxergar os paradoxos e aceitar[si].

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Contagem regressiva para Tainá pipocar!!!

quarta-feira, 28 de maio de 2008

“O que quer UMA/A Mulher?” e o fenômeno da histeria na personificação da “Princesa de Clèves”.

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O romance que exprime muito bem um desejo “feminino” de ser amada e recordada em eternidade é “A Princesa de Clèves”, de Mme de La Fayette, obra francesa do séc. XVIII. Onde uma jovem princesa, de apenas dezesseis anos, conhece o duque de Nemours, que é um homem muito bonito, fascinante, considerado o maior dom-juan da França. Nenhuma mulher jamais resistira a suas investidas e conquistas. Porém, a princesa resiste, e exatamente por causa dessa resistência, ele acaba por apaixonar-se por ela. Contudo, de acordo com a dinâmica do duque, a jovem sabe o dilema que tem diante de si: uma escolha dramática. Ela está apaixonada, deseja-o desesperadamente, mas sabe que se ceder, se entregar-se a ele e consumir seu afã, mesmo satisfazendo-se de certo modo será apenas a última de suas conquistas. Essa é a lei não só da sociedade onde vive, mas da troca de querer e desejo entre dois universos distintos: o dela e o dele. Então, querer continuar a ser amada por ele significa eternizar-se no íntimo de seu amado, o que a faz afastar-se dele definitivamente, para que ele jamais possa tê-la. Assim, ela será amada por ele para sempre. E é isso o que a princesa faz, retirando-se para um convento.

Este conto é o exemplo perfeito da histeria tomando a órbita quando a continuidade almejada por uma mulher não será atingida aos seus olhos, por sua conclusão.



[“A Princesa de Clèves”. FAYETTE, Mme de La. Livraria do Globo, 1945, 1ª edição. Romance. Tradução de Mario Quintana.]

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Então, o que siginifica...


"O que quer UMA mulher?"
que é distinto de

"O que quer A mulher?"

Apesar da particularidade das perguntas, em um dado ponto há convergência na(s) resposta(s).

Querer é diferente de desejar, importante ressalva! Porém, ambos têm haver (ou é a ver? dúvida de português. risos) com o gozo. E mulher nesse ponto, gozo, diverge do homem.

Então... "O que quer UMA mulher?" e/ou "O que quer A mulher?"

CONTINUIDADE NO GOZO. De um modo geral e individual: ser amada e recordada. Preencher assim, a sua falta, distinta da do homem.

O homem acha que a mulher, simplesmente, adora seu pênis ereto, o deus Priapo. Contudo, não é só isso! Ela aprecia-o tanto quanto o desejo de permanência do interesse amoroso, da paixão. É isto que alimenta seu erotismo e seu prazer. Quanto na vertente masculina, ao contrário, o que conta é a intensidade do encontro sexual.

Enquanto para ele há um princípio e um fim a cada encontro erótico, o esplendor na mulher é o prolongamento do encontro, no preenchimento erótico de toda duração. Isto se manifesta de várias maneiras: um telefonema, um elogio, flores etc. A busca erótica do interromper-e-recomeçar... Na erotização da continuidade temporal.

“A mulher não existe.” [Lacan] Lembra do que isto significa? Pois é.




No entanto, o que pode ocorrer (e com freqüência) nessa “busca da mulher pelo seu gozo”? Assumir o papel-histérico da “Princesa de Clèves”.

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Ao som magnífico de "By Your Side" - Sade




My Favorite Music! (;
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[1ª imagem de Bruno Santos.
2ª imagem encontrada ao (não)acaso,
by "pai"Google.
Texto inspirado à pergunta que o intitula
feita a mim por um amigo; e com
referências bibliográficas de Freud, Lacan e Alberoni.]
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Beijos efemeramente eternos. (;

11 comentários:

Paula Calixto disse...

Acho que todos os homens se equivocam com essa fantasia de "missão impossível" sobre o que UMA ou A mulher quer. [risos] Isso é glamorização. Vamos centrar? O difícil não é descobrir o querer e sim, atender a este, mas ainda isto não é nem de longe impossível. O que pode ser impossível sobreviver a, é atender ao querer de TODAS as mulheres! Aí, nem bilionário valeria a pena se tornar porque fatalmente não sobreviveria o suficiente para curtir a vida de vip!kkkkkkkkkkkkkkkk... Mas, desconfio que seria uma "morte-feliz". [risos aos litros]

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Beijos nim tudo.

Anônimo disse...

Brilhaaaaaaaaaaaaaaaaaannnnnnnnnnnnnnnnnnnnnttttttttttttteeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee!!!!!!!!!!!!!!!!
Magníficoooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo!!!!!!!!!!!!!!
Adorei esse lugar..... o clima.... a perspicácia..... o humor...... a arte..... além de completar minha pesquisa!!!!!!!!!hehe

bjokas

Alícia Bastos.

Amaral disse...

O querer da mulher não pode ser específico.
Mas ele é específico! E é doce e verdadeiro! E é terno e sensual! E é cheio e amigo!
No esplendor da mulher encontramos um oásis pleno... e sentimos a intensidade do amor...

Obrigado, amigos todos, pelas palavras que me deixaram naquela centena de visitas.
Bem-hajam! Vamos dar as mãos... e sorrir à Vida!

Anônimo disse...

Pois penso, Paula, que a procura do homem a muito deixou de ser somente pelo sexo, pelo prazer imediato.Não são todos, mas muitos procuram por algo a mais...

Bj.

Lis. disse...

Eu já senti isso na pele apesar de estarmos no terceiro milênio.

Mas, há outras coisas mais por vir...

Indubitavelmente.

Ricardo Rayol disse...

procure o prestimoso

Buda Verde disse...

parece-me a mulher uma construçao...

Tathiana disse...

Hum, q texto inteligente e perspicaz. Sabe q não tinha avaliado essa perspectiva?
Beijos.

Anônimo disse...

Paulinha..
como é bom visitar amigas e ler conteúdos como esse , independentemente do querer de cada uma.
Uma mulher pensante! ( Estamos rareando, amiga ). Beijo!

Luiz disse...

aprendi sobre literatura, psicologia e sobre o mundo feminino. Ou será sobre o mundo das mulheres ? Não importa, o certo é que aprendi bastante com o que foi escrito com a leveza de fundo do mar. Desconfio que o fundo do mar é feminino, por suas sutilezas.

By the way, é a ver.

beijo

Letícia Losekann Coelho disse...

Saudades demais dos teus textos! E que capricho esse hein menina? Adorei, aí está o resumo da ópera.

beijo