Santa, pecadora... Olhar pra dentro é ver-se de verdade: enxergar os paradoxos e aceitar[si].

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Maceió, Alagoas, Brazil
Santa, pecadora, com o Amor na veia e a alma nas vísceras.

Contagem regressiva para Tainá pipocar!!!

segunda-feira, 7 de abril de 2008

A primavera do útero.

“Inesquecível, é o que você é
Inesquecível, seja perto ou longe

Como uma canção de amor que se liga a mim

Como pensar em você me faz sentir coisas!”


[No tom de “Unforgettable” – Nat King Cole.]

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Hoje é aniversário da minha mãe.
Não sei exatamente se esta publicação soará como elogio, mas será, sem dúvida, enriquecedora.
É o que importa.

Ela completa hoje 76 anos e, quem faz ano é ela, mas quem faz retrospecto sou eu.

Eu olho para minha vida e vejo um grande embaraço de coisas [C-O-I-S-A-S] que há muito eu não queria, ou melhor, eu queria não querer. E olhar minha mãe me lembra isso. Esse olhar não é um verbo; olhar é metáfora.

Mamãe foi sempre o esteio da família de nove irmãos. Tomou conta dos negócios da fazenda e até onde o fazia tudo ia bem, mas resolveu que ela tinha que ter seu próprio “chão”, e o que era neurose dos outros virou pó: meus tios faliram tudo geral, sobrando pouca coisa. Ela continuou a trabalhar, terminou os estudos, se formou contadora, virou gerente da maior joalheria da cidade... Voltou o esteio-da-família. Faltou chão.

Foi noiva 2 vezes antes de casar com meu pai. Não casou, foi morar junto de início (vinda de uma geração que hobby era lavagem cerebral lá dos anos 50!). Dos 37, passou anos e só me teve depois dos 40, numa época que gravidez de altíssimo risco era após os 30 (a geração-madonna-xuxa ainda nem se sonhava). E, de repente... Perdeu-se ou fez-se presente-falta.

Sempre conheci minha mãe como uma mulher amarga, “destemperada”, onde sempre se dizia que era “coisa” das mulheres dos Guimarães. E toda aquela revolução-serena foi embora, o casamento acabou e só há pouco mais de 3 anos vi minha mãe num retornar-tímido à sua essência: após a cirurgia cardíaca. O que é bom, valoroso demais pra descrever!!!

Mas, fico pensando que eu não quero me tornar algo que pode ser que já esteja me tornando. Que eu não quero morrer por não ter sabido viver e desistir de aprender essa tal “fórmula” só porque não tem bula. Não quero que meus sonhos de infância, de lar a dois e bebê mamando no bico do peito, se tornem um não-ser. Já descobri que, em certas coisas, as descobertas que minha mãe fez cobram um preço alto. Já descobri que eu escolhi ampliar; e que homens têm medo de mulheres do tipo que sabem o que querem (e o que não querem).

Já descobri como ela, que isso deles é atitude burra e burrice me irrita; e irritação em excesso desnorteia. E já descobri que amargura não vai fazer meus sonhos-de-princesinha, lá da infância, chegarem mais perto do que é real[idade]!

Já entendi que a vida não pode ser pintada exatamente como eu quero, mas não quero aceitar uma vida-tela-em-preto-e-branco. Não quero ser conformada porque sei que isso não me é natural, como não é na minha mãe ou "nas mulheres da nossa família" (haja sobrenome!risos).

O costume não me é proposição. Isso não me cabe, e o que me cabe eu ainda não sei. Mas sei o que já quis caber um dia e o que não há de desejo por mim encaixar-me em alguma coisa-nenhuma. Será que basta? E eu sou de bastar?!

Alguém que se proponha a ser feliz pode bastar no conceito de basta? [risos]

“A mulher não existe”. [J. Lacan]
É delas que esse texto fala.
Não se pode, ou não seja preciso entender.
Basta saber que não existir é propulsar ser!

Amo muito minha mãe!!!

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[Imagen by O Profeta,
com modificações minhas.]

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Beijos de aplausos a elA!

P.S.: Que de hoje que dança e cantarola a música aqui. [risos] (((:

10 comentários:

Paula Calixto disse...

Coisa a mais mais que certa:

minha mãe tem muito bom gosto!

E até em mim tá elA!!! (;

Beijos nim tudo.

Mário Margaride disse...

Parabéns à tua mãe minmha amiga! Tens toda a razão. Melhor filha do que tu, naõ podia ela ter.

Um beijinho enorme, para as duas.

Uma excelente semana!

O Profeta disse...

PArabéns para a sua querida mãe...76 anos!? Ainda uma jovem...e pelo que li uma grande mulher...


Doce beijo

Carmim disse...

Em primeiro lugar, muitos parabéns para a tua mãe, e todos aqueles desejos bons que se fazem nestas alturas.

Este teu texto é intenso, ou pelo menos afectou-me de uma forma bem directa. Fez-me pensar na minha própria vida, no que sou e no que um dia sonhei ser... fez-me questionar se ambos estão em sintonia! Talvez não... Talvez sim... é a eterna dúvida, a eterna necessidade de (re)ajustar os nossos quereres e caminhos.
E a gente sempre aprende... e nunca desiste de ser o que quer ser!

Beijos.

un dress disse...

parabéns às duas!! :)







beijO

Cris disse...

Paulinha...

Finalmente o novo blog. És convidada , claro, para a inauguração.

Bj

Cris

Luiz disse...

Super Niver atrasado para sua mãe. Só li seu blog hoje. Mas, mesmo assim, que ela tenha 7 x 4 x 2008 motivos para ser feliz, os aproveite a todos e que voce seja o maior deles. beijo

Aline Ribeiro disse...

Nossa Paula, mto lindo teu texto, assim como a história de tua mãe. cada um sabe e dor e a delícia de ser que é, tua mãe tb, é claro.

Bjm

Paula Calixto disse...

Para o dono deste IP: 67.159.50.90

O camelo vive no deserto porque algum motivo há, e bom não é. O camelo tem um destino e é fadado a uma paisagem pior que as cobras que rastejam na densa folhagem da mata. O camelo só ameaça porque ele NÃO É NADA!

I know you are, I know what you want. So...
"It's no good when you're misunderstood
But why should I care
what the world thinks
of me?
Won't let a stranger
Give me a social disease"
The Hiddin Camel, FUCK YOU AND KISS MY NICE ASS! (;

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Paula Calixto disse...

Aos AMIGOS gentis que presenteiam o Maçã com tanto carinho, grata às pencas!!! (((:

Amo a presença de vocês! (;

Beijos em todos que sempre são dignos de beijos. (((: