Santa, pecadora... Olhar pra dentro é ver-se de verdade: enxergar os paradoxos e aceitar[si].

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Santa, pecadora, com o Amor na veia e a alma nas vísceras.

Contagem regressiva para Tainá pipocar!!!

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Sobre culpa, dor, cura e cicratizes

*Em resposta a uma publicação que me tocou muito em um blog amigo. E o que tenho a dizer sobre o assunto (o fenômeno) em palavras minhas mais abaixo (embaladas de lágrimas porque muito, muito me tocou!!!)... e em palavras de melodia ao som de "Peace of Mind", na voz da indubitável eterna-perene diva: Lauryn Hill.

O que o sentir em forma de dor e culpa nos diz que não podemos
tem que ser substituido por nós em novo e diferente sentir.
E assim, dizermos a este:
You are my peace of mind
E ao outro:
That old me is left behind
Cause anything's possible
[dentro de nós]
To get another chance, yeah
Every day's another chance
[em nossos - seu, meu, dele - corações]











De como a gente se vê aprisionado em nossas próprias indagações
sobre nossas tomadas de atitudes e decisões
[de nós para os outros e de nós para nós mesmos]
no percurso de nossas vidas


Entendo o que se passa, a natureza e a dimensão dos sentimentos, embora eles não sejam meus. Mas estão em mim. Adomercidos, pode ser. Mas, cá estão.

A vida é feita de "plins"!!!

A gente convive com as pessoas e as pessoas conosco, mas a certeza do imprevisto nós, nem elas, nunca teremos!!! É difícil viver com essa certeza quando nos deparamos com a tal da perda em nossas vidas. Sim, essa tal coisa, esse tal fenômeno que faz parte inseparável da vida de todo ser vivente no mundo, quissá no universo. Isso que nos frustra, que nos causa um sentimento de impotência, de desalento e auto-punição por sempre acharmos que podeira ser feito um percurso diferente pra atingirmos nossos objetivos, nossas metas, nossos propósitos. Como se feichassimos os olhos pra característica inevitável da vida: a imprevisibilidade... a falta total de controle sobre.

A culpa remete a dor e estão aí dois fenômenos psíquicos ligados intrisicamente à perda. E não nos é ensinado a conviver com a fatídica realidade da existência da perda, em todos os campos de nossas vidas. NUNCA!!! Por isso que a morte é um processo tão dolorido para quem vai e para quem fica: porque ela representa a maior de todas as perdas.

Quando algo ou alguém morre em nossas vidas (sob várias formas e aspectos), isso gera uma série de auto-indagações a respeito do nosso comportamento interrelacional com tal figura. Fatidicamente temos em mãos algo que flui, sem que nos permita o controle: a culpa. A culpa de não termos sido mais isso ou aquilo pra esse alguém, de não termos feitos mais ou menos isso ou aquilo lá pela e para essa pessoa, de não termos sido mais assim ou assado para a mesma... e tudo isso remete em DOR!

Só que culpa e dor são processos normais, de gente normal e naturais diante de determinadas situações vivacionais. Só não sente culpa quem não tem nada a perder, quem não tem a capacidade de amar o outro dentro de si mesmo. E, consequentemente, não sente dor quem não está vivo, porque a dor apesar de incoveniente, de ser uma sensação ruim, prova que só sente quem vivo vive e está!!! Seja dor física ou da alma... ambas nos provam que entramos em contato. Quem não entra em contato não é capaz de sofrer, portanto. Mas é capaz, por vezes e muito, de fazer sofrer!!! Eis a grande diferença entre um ser sadio, passível de admiração, de outro: o indiferente.

A questão é que, às vezes, a culpa se cristaliza e aí é onde ela toma proporções de perigo! Não que se deva proibir esse sentimento de vir à tona; mas, não se deve estimula-lo. Porque quando ele é por demais valorizado: ele nos paraliza!!! Há uma paralizia da alma em determinado ponto de nossa existência, onde, justamente, por não termos o controle das coisas as coisas acontecem/aconteceram. E acontecer, em certos aspectos, independe no viver de nossa vontade!

Portanto, a culpa pode se tornar presente e se desdobrar em dor, mas ela não pode se transformar em certeza! Porque há fatos que são inteiros na vida e, por natureza, ocorrem independente do que fazemos. São inteiros porquê fogem a previsibilidade humana. E, se tudo fosse previsível, tudo se tornaria inerte e sem propósito na vida. Sabe por quê? Porque o ser-humano tem em sua razão básica de existir se superar e ser perene. TODOS somos findos e, se formos nos ater a essa certeza ou enlouqueceremos ou viveremos uma vida traduzida em doer.

Então que o findar tome forma em nossas vidas em modelagem de transformação do luto. Que nossos lutos sejam vivenciados, porque devem ser. Mas que nos esforcemos exaustivamente até conseguirmos transformá-lo em outra forma de direção do sentir para aquele objeto (pessoa).

A certeza que deve substituir a culpa é a de que não foi culpa nossa e que não somos culpados pelo tempo escorrido do findar da existência do outro em não termos sido melhores com eles, pois nós somos o que é possível ser de melhor na vida para com os outros e vice-e-versa, e isso por si só basta, sim (apesar da sensação dizer o contrário). E, nem que beijássemos os pés e fossemos totalmente condecendetes a qualquer ponto divergente com o outro, ainda assim, NUNCA seremos completos para com o outro! Modificar nossas atitudes perdendo nossa essência de sermos do modo que somos não atingirá jamais a perfeição das nossas relações e, consequentemente, não evitará o partir do outro e nem o nosso. Porque não há perfeição no ato de viver e nem no ato de morrer!!!

Não pode haver abraços de despedidas, nem beijos de despedidas quando estamos concentrados em vida e não em morte! E isso não é pecado. Pecado seria o contrário, o que, ainda assim... não evitaria o fato, pela sua natureza em si: dele não está no nosso controle, sob nosso poder. Porque também não há indifrença em quem está ocupado em viver e não concentrado em morrer. E viver exige que, apesar da certeza da morte, estejamos concentrados no presente de nossas vidas, seja o que este presente nos represente de atenção.

E a tal da imprevisibilidade, mesmo que de modo diferente, apresenta-se no cotiando da vida... Por que ao acordar as 5:30h da manhã pra revisar o conteúdo da aula que fui minsitrar hoje em um curso de capacitação em Direitos Humanos... por que eu fui impulsionada a abrir logo de início o orkut? Por que ao abrir eu fui direto no perfil de uma determinada pessoa e, de lá, direto no blog dela? Ué... por quê?! Eu só queria revisar a aula pra não fazer mal feito!!!

Mas, eu fui lá (em busca de que eu não sei)! E não foi só o clic-clic das teclas no pc e no mouse que me levaram até lá. Algo lá, que em mim habita e que se desdobra em publicação, se expõe em sentimentos letrados; tava lá nu e cru. E o que lá está habita, tanto na certeza dos acontecimentos dolorosos que vivemos e viveremos como na compreensão nítida daquilo tudo. E algo me impeliu a me confrontar com tudo aquilo-isto!!! E não dá pra explicar o porquê de ter ido lá. Só sei que fui e o que li me tocou e influenciou, de alguma forma (que eu ainda não identifiquei claramente) o meu posicionamento em sala, numa aula de noções básicas de Psicologia, que descreveu não só o conceito da ciência, mas a quê e a quem ela serve e trata-> o ser-humano. E lá estava uma frase que muito me tocou:

"E agora é como se eu não conseguisse me perdoar por nada disso. Porque nessa vida quando a gente erra, a gente erra e nada muda."

Diante desse todo blábláblá meu aqui... o que eu tenho a dizer a algo tão tocante que lá está[o que diria a mim mesma, ou, precisaria ouvir de outro, mas, principalmente de mim]:

-Não foi culpa sua!!! Não é e nunca será!!! Não foi culpa sua a convivência ter sido mais isso ou aquilo por atitudes tomadas, ou falta de tomadas de atitudes. A dor pode continuar, mas a culpa não deve ser estimulada porque ela NÃO TEM PROPÓSITO! Ou melhor, tem o propósito único de abrir cicatrizes ou atrapalhar o processo de cicatrização. Há cicatrizes que não saem nunca. Mas, elas são a prova de que estamos curados. E, sem o empenho de desestimular a culpa, não há como cicatrizar uma ferida da alma! Então, curar é preciso, pois melhor é uma alma deformada por marcas do que uma eternamente sangrando! É preciso estancar o sangramento, mesmo que isso represente a permissão do partir, de encarar a lei fatídica de sua partida ser real. Porque é tudo isso que nós somos, no fundo no fundo: certas partidas e imprevisíveis na natureza destas. Difícil é tratar de uma ferida tão profunda, comparável a um tratamento quimioterápico. Mas é possível curá-la e, por isso mesmo, é preciso fazê-la curar mesmo que isso doa; porque a vida em si ainda ecoa!!! Pois, o túmulo do outro, por mais dor que nos provoque, não é nosso. Não faça do túmulo alheio o seu, por mais nobre que seja seus sentimentos. É duro!!! Mas, é preciso deixar partir... porque o outro precisa dessa permissão para continuar vivo seja lá qual for a natureza desse diferente viver [em nós, nele e nos que nos cercam]. Abrace mais, beije mais... mas contribua para cicratização das feridas e, acima de tudo, continue a e na lida... inteira e verdadeira em sua auto-essência!!!

Beijos a todos que vivenciam e vivenciarão algo assim [e, nestes e naqueles me incluo]

5 comentários:

Plugado disse...

"Então, curar é preciso, pois melhor é uma alma deformada por marcas do que uma eternamente sangrando!" E o sentimento de ser tocado pelo alheio continua........ ele agora me toca com oq li aq. Lindas palavras, belas colocações e ponderações perfeitas. Q bom q n foi só pra uma pessoa mas p vc tb, p mim, p todos, como vc mesma disse aí. Talvez tenha sido isto q lhe tocou lá e fez despertar algo aí dentro. É.... "a vida é feita de plins!" ;) Beijão

Anônimo disse...

"Every day's another chance
[em nossos - seu, meu, dele - corações]" Yeh!!!!!!! Lindo texto!!!

=***

Elenita Rodrigues disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Elenita Rodrigues disse...

Maçãzinha, obrigada pelas palavras. Eu sei que é assim. Mas o fato de eu saber (ter consciência) não modifica aquilo que eu sinto. Saber e sentir estão em instâncias diferentes.

Seu texto me tocou tbém. E eu prossigo. Toco a vida. E tento fazer com que nela só reluza alegria. A mamãe tbém tenta, meu pai, meu irmão.... E a gente prossegue. Mas não dá pra não pensar na nossa responsabilidade.

A gente tem uma responsabilidade com o mundo e com as pessoas que a gente ama. Uma responsabilidade GRANDE. Responsabilidade de mostrar, entregar a elas nosso amor, responsabilidade de não ser tão babaca, responsabilidade de não exigir delas perfeição....

Perder alguém tão importante da forma brusca, inesperada e COVARDE que a gente perdeu dá pra gente uma noção de que... sim, este dia pode ser seu último, meu último. E se for é importante que vc saiba q eu amo vc. E q eu posso ser babaca, pq eu tbém nao sou perfeita, mas o que eu tento, sinto, penso é só amor...

Você é linda. Obrigada pelos ombros, colos e abraços.

Um beijo,

Lis. disse...

Então...

Vou te confessar algo, que talvez simplifique um pouquinho as coisas dentro da sua visão, e o assunto é complexo. Um dia, meu pai afirmou com toda convicção que chegamos neste mundo pré-destinados, e eu, nunca havia acreditado nisso, até o momento que tive a minha primeira visão premonitória.

A verdade é que tudo o que vivemos já foi escrito antes da fundação do mundo, e somos apenas "meros" agentes designados para cumprir missões dentro da coletividade.

A premonição que tenho é prevenção de algo pesado que vai acontecer de ruim, ou algo a ser notado quando o caminho está perto.

O assunto é complexo e extenso, mas para ilustrar lembro que o falecido médium Zé Arigó (Lembra?) predisse o dia, e a hora exata de sua morte. E assim aconteceu: Ele morreu conforme foi descrito por ele mesmo. Isso porque ele tinha acesso a "caixa prêta" que dizem existir lá nos céus, onde está guardada a vida inteira da humanidade. É dificil de acreditar, mas meu pai tinha total razão nas suas convicções.