Santa, pecadora... Olhar pra dentro é ver-se de verdade: enxergar os paradoxos e aceitar[si].

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Santa, pecadora, com o Amor na veia e a alma nas vísceras.

Contagem regressiva para Tainá pipocar!!!

domingo, 2 de março de 2008

Vazio fértil

[A um e-mail que não respondi e que
cobrou resposta em mim mesma;
ouvindo “Clocks”, do Coldplay


na trilha da inspiração...
“Apareça sobre meus mares,
malditas oportunidades perdidas
– eu sou
parte da cura?
Ou sou parte da doença?”]

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Tem momentos que o tamanho do quarto fica maior que a casa, e a solidão fica descabida. Nessas horas, o universo interior engole tudo que há em volta e a gente não cabe em si de tanta falta.


Hoje, arrumando meu quarto, senti essa sensação no peito e acabei num desassossego de tudo tão na ordem – a exatidão nunca foi minha morada; eu me encontro onde me espalho. Aí, eu me lembrei das coisas que me fazem sentir um espaço que cabe até o que eu desconheço, mas a mim não há vaga. Era como se eu quisesse dar nome pro que não foi batizado. E aos poucos as “coisas” foram se apresentando...


A gente passa a vida indo à busca daquilo e disso, colocando os pontos nos “is” e abrindo vaga sem saber ao menos de que, e priorizando o que não tem prioridade. Sem perceber, a gente passa: quando se dá conta, já foi! Ou a gente se esquece de olhar pela janela (mesmo vendo ela), ou a gente fica debruçada nela. Num, a negação do vazio; noutro, ele se instala e a gente percebe que a paisagem muda, e que o corpo todo tá submerso num oceano que a gente não conhece a fundo, porque teima em não submergir a cabeça tão cheia de cuidados. Nada adianta esse cuidado todo, porque bolhas só as que se tem nos pés pra avisar que é preciso descanso.


Então, é importante se esquecer tanto quanto se lembrar. Pois, a gente se solta quando se ameniza dos pesos e um dos piores é aquele que é cheio do não-há. Até disso a gente tem que dar um tempo, pra esvaziar-se do nada nele próprio.


E o que eu posso dizer em resposta: distraia-se de si mesmo de vez em quando. E... VIVA! Porque se a vida é bela (e é mesmo!), ela tem que ser bela ao nosso favor. (;

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Sob a inspiração dum trecho colhido ao não-acaso:

"Quanto mais ando, querendo pessoas, parece que entro mais no sozinho do vago..." - foi o que pensei na ocasião. De pensar assim me desvalendo. Eu tinha culpa de tudo, na minha vida, e não sabia como não ter. Apertou em mim aquela tristeza, da pior de todas, que é a sem razão de motivo; que, quando notei que estava com dor-de-cabeça, e achei que por certo a tristeza vinha era daquilo, isso até me serviu de bom consolo. E eu nem sabia mais o montante que queria, nem aonde eu extenso ia.”

[Grandes Sertões Veredas. Rosa, João Guimarães]

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[Imagem by “pai”Google:
"Weeki Wachee Spring,
Toni Freesel Harper,
Bazzar 1947
.]

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Beijos vívidos.


11 comentários:

Paula Calixto disse...

O que dá gosto em escrever é a catarse dISSO.

É.

Beijos nim tudo.

Diego. disse...

nós como desconhecidos... que aos esbarrões nos ilimitamos... e absorvemos... e refletimos.

beijoca

Madalena Barranco disse...

Olá Paula, então... Se o coração é um quarto, seremos todos uma casinha? Lembra-se daquela canção: "a minha casa tão pequenina, não tinha portas, não tinha nada..". Às vezes, faz bem à saúde limpar tudo, sentir vazio para depois preenchê-lo com amor próprio. Beijos da moranguinha - estou voltando aos poucos para a Web.

Sig Mundi disse...

Pelo vazio que sentimos/estamos não vemos que somos parte da cura.

Mas tudo tem seu tempo. O tempo real não é o cronológico!

Como é bom respirar novamente!

bjs, andrea

Letícia Losekann Coelho disse...

Paula,
adorei tua "resposta"...Uma bela divagação sobre o ser e existir! Adorei a mensagem, e a imagem está perfeita! Esse vazio, que se sente...
beijos

Mila Cardozo disse...

Nossa... este texto é tudo... La vem vc e suas mil e uma maneira de me fazer pirar... o que ja é pirado o suficiente... eu agora aqui pensando... e tentando dar nome ao que ainda não foi batizado... e talvez... nunca será... pq não se batisma o que é profano... e obscuro e... sei la... hehehehe
Beijos Mila

A que está escrita. disse...

Linda imagem e ótimo post! Entendo perfeitamente essa idéia de se encontrar "onde se espalha". Adorei...

Anônimo disse...

Eu já me senti vazia assim, e precisando de não sei o quê que não vinha... E me encontrei em mim mesma... Sozinha, revivendo minhas lembranças e pensando nos meus anseios, me encontrei e esqueci de todo o resto. Amo-me!

Beijão!

Junkie Careta disse...

Sábia reflexão sobre o texto, além de poética. Como se faz para ter um blog tão bonito como o seu? depois ensina a fórmula.
Parabéns.

Paula Calixto disse...

PoiZé, amores... A gente tem que passar por momentos de refletir o que é "prioridade", porque isso também é mutável. E os insitgh's uma hora vêm, ah! se vêm! (((:

Paloma e Junkiecareta, depois com calma irei no cantinho de vocês me perder e me achar. (;

Beijos em todos, lindezas.

Anônimo disse...

brilhante!!!!!!!!!! começa com o presente de suas palavras e amarra com o rei das metáforas, o Guimarães Rosa.

bjks